sábado, 17 de dezembro de 2011

Entrevista & Lançamento: Ostende



O primeiro lançamento da Bricoleur Discos já está pronto. Trata-se da coletânea "20.111.2", de Ostende, banda screamo/punk argentina. O disco, no formato mini CD-R, contém 11 faixas sendo, algumas delas, ainda inéditas. Conversei um pouco com a banda, que se mostrou muito receptiva ao selo e à entrevista a seguir. O disco pode ser encomendado através do email FELIPE.ASLT@GMAIL.COM, ou através da minha página no Facebook, o valor é de 5 reais + os custos do envio. Há também a possibilidade de ouví-lo e baixá-lo gratuitamente ao final da entrevista. Para ouvir os outros discos do Ostende, vá ao site http://ostende.bandcamp.com/ e visite também a página deles no Facebook.

-Apresente a banda, contando a história desde a sua formação até os dias de hoje, e os planos para o futuro.

Ostende nasceu no outono de ’09, depois de alguns ensaios com outro baixista, Nahuel assumiu o posto. Além dele, a primeira formação contava com Nicolas como baterista, Willow na guitarra e Diego nos vocais. Tocamos apenas uma vez durante aquele ano e no próximo gravamos uma demo com 3 músicas que teve uma boa repercussão por aqui. Tocamos bastante em 2010, porém Willow teve que deixar a banda por motivos pessoais, dando lugar a Frederico e com ele gravamos “El trayecto del mapache” com Pajaro [produtor], um mestre. Viajamos a Rosario e a Cordoba para tocar, e muitos outros lugares de nossa província. No início de 2011, Frederico deixa a banda e novamente a formação é alterada, mesmo tendo trocado de guitarrista mais de uma vez a estrutura da banda sempre seguiu sendo a mesma. Então, aparece Marcos e foi com ele que encontramos a estabilidade que necessitávamos... Já com ele começamos a compor um novo disco, muitas canções foram parar no lançamento “Ciudades de Mimbre”, e nos aventuramos mais a encontrar nosso próprio estilo por assim dizer, e tivemos como resultado músicas que agradam a nós e aos outros. Em Agosto começamos a gravar este disco, em vários pontos e de forma caseira. Ficamos muito contentes como tudo se realizou, gracias a Ivan que esteve no comando de toda a gravação. Uma parte em Haedo, ao Oeste da província de Buenos Aires e a outra em um espaço da capital federal chamado “Circulo Felino”, lá, além de Ivan, contamos com a assistência de Chokin. O disco já foi masterizado e sairá no formato LP nos próximos meses. Será nosso primeiro lançamento em vinil e estamos mais que felizes por isso. Para o futuro, desejamos tocar nossas músicas em qualquer lugar, sejam casas ou pátios.

-Quais as principais influências da banda?

Sinceramente não há influencias definidas já que cada integrante tem seu gosto diferente dos demais, embora coincidamos em alguns pontos não existe aquela coisa de “vamos soar como TAL banda”. Todos escutamos punk e hardcore, tudo isso passado pelo filtro dos anos. Poderia dizer que escutamos muita música dos anos 80 e 90, porém não acredito que tenham influenciado diretamente a banda. Marcos tem um repertório de bandas muito diferente do meu, por exemplo, mas no Ostende nos damos muito bem na hora de tocar. O mesmo vale para todos os outros integrantes. Enfim, a influência é o hardcore/punk em geral, desde Black Flag a Four Hundred Years, passando pelo punk rock argentino que todos escutamos desde pequenos. A vida também influi na nossa música.

-As gravações da banda são geralmente feitas de maneira DIY, por que isto? E o que pensa de outras iniciativas como selos e distros que sigam a “ética” do DIY?

A nossa demo foi de fato gravada de maneira DIY, Damian, um rapaz que tinha os equipamentos e conhecimentos sobre gravação preparou um set com poucos microfones e um notebook em sua garagem onde ensaiamos. Quando a escuto hoje em dia, encontro muita espontaneidade, frescura, talvez, se comparado às demais gravações que SIM, têm um pouco mais de produção mesmo que isso não seja muito perceptível, haha. Apoio 100% estas gravações, não faz falta tanta parafernália para que uma banda grave. Se as músicas estão boas e é o que sai de você, mesmo gravando de maneira lo-fi eles vão soar legais.
Um selo DIY é a forma mais sincera de ajudar uma banda. Ostende edita suas produções com a atual ajuda da Abrazo Ediciones que está trabalhando na arte do LP e vai financiar parte da produção dos vinis. Assim, lidamos com este tipo de selo, onde há transparência e não há vontade de lucrar às nossas custas. Não estamos nessa para sermos milionários. Apoiamos os seguintes selos de amigos como Ediciones Incendiarias , que já editou muitos zines e discos por aqui. Também há o Revenge Earth, este selo está muito ativo e não para de lançar discos e editar zines e livros. Karma Corp, um exemplo e inspiração, um selo muito respeitável de Buenos Aires. Há muitos outros.

-Quais os principais temas principais nas letras?

Desde a demo as letras centram-se um pouco no conhecimento popular sobre a Argentina como a ditadura que ocorreu nos anos 70. Não é uma temática se não um NÃO OS ESCUTAREMOS. Isso passou mas não é um simples tema do passado, ainda há o que esclarecer. De toda forma, as letras possuem um significado aberto. “El trayecto del mapache” centra-se em pessoas X, pessoas quaisquer e em nós mesmos. O que somos, a que estamos condenados, nossos erros e virtudes como seres humanos. O que queremos e o que necessitamos, um pouco de desabafo. “Ciudades de Mimbre” trata da cidade, do punk e alguns pontos de nossa mentalidade.



-Quais suas profissões? E como isso influencia no que é transmitido pelas músicas?

Alguns estudam, outros trabalham... por sorte todos têm tempo a dedicar à banda e à música. Não sei de que forma o trabalho em si nos influencia.

-Conhecem alguma banda brasileira e que considerem boa?

Boa pergunta, Ratos de Porão são e sempre serão uma influência para qualquer pessoa hc/punk, Point of No Return também dentro daquilo que fizeram em sua época. Também gosto do Dance of Days, embora só tenha ouvido seu primeiro disco. Colligere, B.U.S.H., Discarga, Violator, Sick Terror, ufffff, são muitas bandas brasileiras! Há pouco tempo encontrei o bandcamp de uma banda que não conhecia e se chama NVBLADO. Gostaria de ouvir mais coisas desta banda. Por fim, Motim, Homunculi, Atacama e muitas outras.

-Tenho ouvido muitas bandas argentinas como o Z.A.T, Asilo e Esculpen Serpientes, vocês têm alguma relação com eles? (E se possível, recomende outras boas bandas).

Lindas bandas, Z.A.T são amigos com quem temos compartilhado o palco em muitas datas, gosto muito de suas apresentações ao vivo e as últimas têm sido uma verdadeira loucura! Asilo é a banda de Sebaxxxtian, outro amigo, ele foi o quinto Ostende no ano passado, o convidamos a intervir com muitos pedais analógicos e um sintetizador Atari DIY que não parava de fazer barulho enquanto tocávamos ao vivo. Com o Esculpen Serpientes há uma relação mais próxima já que o baterista é o mesmo, são os adultos haha. Uma boa banda, não por serem nossos amigos é a TAIA, quando trocaram de baterista tornaram-se um trio de “post-tudo que se possa imaginar”. PUNK. Há muitas outras bandas de que gostamos... escutem Reconcile e Fusibles.

-Há uma previsão para o lançamento do LP? E para realizarem uma tour pelo Brasil?

Sim! O LP está feito, ficamos satisfeitos com a gravação e masterização... Agora é só esperar sair da fábria nos U$A, as prensagens de teste e essas coisas tão mágicas que virão dentro de poucos meses. Estaremos enviando cópias para que a Bricoleur distribua pelo Brasil no próximo ano, e junto a isso seria incrível fazer uma tour por aí... Tenho escutado muitas bandas boas e seria legal poder construir algo junto à cena da sua cidade. Espero que isso se concretize para o ano de 2012!!!
Obrigado por ajudar a Ostende, estamos muito agradecidos! Nos vemos no ano que vem, seja por aqui ou por aí. GO DIY.
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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011